Descrição
82: Uma Copa para sempre é um inventário completo da Copa do Mundo disputada na Espanha em 1982. Com ênfase nas seleções do Brasil (que encantou o planeta jogando um belo futebol) e da Itália (que ficou com o título), o livro detalha tudo sobre aquele Mundial: as Eliminatórias, os jogos, as estatísticas, a expectativa da conquista brasileira que acabou não se concretizando… Ao mesmo tempo, contextualiza a época de um acontecimento que, como seu próprio subtítulo diz, ficou para sempre na memória nacional.
NÓS E A COPA DE 82
POR CELSO UNZELTE
Eu queria ter sido tetracampeão do mundo aos 14 anos, não aos 26. É assim, de maneira bem afetiva, que costumo resumir meu fascínio pela Copa (e pela Seleção Brasileira) de 82. Um fascínio que é também de toda uma geração, a minha, formada por pessoas nascidas entre a segunda metade da década de 1960 e a primeira dos anos 1970. Esse fascínio, porém, não é só nosso. Na época daquela Copa, Gustavo Longhi de Carvalho — meu querido amigo e parceiro na empreitada deste livro —, por exemplo, não tinha completado ainda cinco anos de vida.
Mas isso não o impediu de relatar aqui, com maestria, informações que eu nem imaginava existirem. Certa vez, meu filho Daniel estava reassistindo junto comigo, pela enésima vez, aos 90 minutos do Brasil 2 x 3 Itália de Sarriá. Após a cabeçada de Oscar que Dino Zoff salvou, praticamente no último lance da partida, o menino, então com não mais que oito anos de idade, me surpreendeu com uma pergunta: “Pai, revendo esse jogo não te dá sempre a impressão de que é possível mudar o final?” Pra mim, que vivi aquilo de perto, sempre deu.
Mas por que daria também para ele, nascido 22 anos depois daquele Mundial realizado na Espanha? Afinal, qual o mistério de 82? Este livro nasceu dessa pergunta, entre outros fatores que o Gustavo pontua tão bem na apresentação dele, que você poderá ler logo na sequência desta. Sempre achei que a saga da Copa de 1982 merecia ser contada em livro de uma maneira próxima daquela com que Paulo Perdigão contou a da Copa de 1950 em seu Anatomia de uma Derrota, publicado originalmente em 1986. Não sei se conseguimos, mas a proximidade dos quarenta anos daquela epopeia futebolística nos pareceu o momento ideal para tentar. Confirmando a tese de que nós, seres humanos, não temos saudade das coisas — mas, sim, de nós mesmos na época em que elas aconteceram —, este livro é, antes de tudo, uma homenagem.
A todos os garotos que amavam, ou ainda amam, o Mundial e a Seleção Brasileira de 82. E que um dia sonharam ser campeões do mundo, tornando aquela Copa inesquecível.
NÓS E A COPA DE 82
POR GUSTAVO LONGHI DE CARVALHO
A ideia deste livro surgiu através do meu querido amigo Celso Unzelte em agosto de 2018. Estávamos assistindo, em uma reunião do Grupo Literatura e Memória do Futebol (Memofut), do qual fazemos parte, a um bate-papo com o jornalista João Máximo, quando foi mencionado o clássico livro Anatomia de uma Derrota, de Paulo Perdigão, que trata da Copa do Mundo de 1950. Naquele momento, Celso sugeriu que escrevêssemos um livro sobre a Copa de 82 inspirado no clássico de Perdigão. Eu gostei da ideia, que ficou guardada por pouco mais de um ano. Em janeiro de 2020 “batemos o martelo” sobre a execução do livro e começamos o planejamento do trabalho conjunto. Para mim é uma honra poder escrever um livro com um amigo que tanto admiro e dispensa apresentações.
Aprendi muito com os textos e contribuições do Celso para este livro, frutos de sua pesquisa e competência. Minha relação com a Copa de 82 tem uma mistura de fantasia e realidade. Quando ela ocorreu, eu estava prestes a completar cinco anos – era muito novo e me lembro apenas de vultos da Copa. Me recordo de que no dia do jogo Brasil x Itália eu, em férias escolares, estava na chácara onde morava minha avó Maria de Lourdes, na cidade de Atibaia (SP). Lembro-me de quando ela me disse que o Brasil tinha perdido. Na minha fantasia, que povoa a mente de uma criança de quatro anos, segui acreditando por algum tempo que o Brasil não tinha perdido e tinha passado pela Itália.
E essa fantasia se renova todas as vezes em que revejo a cabeçada do Oscar, aos 43 minutos do segundo tempo, defendida espetacularmente pelo goleiro Zoff. Eu sempre torço para o Brasil empatar o jogo, mesmo sabendo que isto nunca ocorrerá. Na próxima vez em que revir, torcerei de novo. Escrevi este texto sem ler o texto de apresentação do Celso, e me espantei ao constatar que ele também fala sobre isso. Me tornei após a Copa um verdadeiro fã dao espetacular Brasil de 82, ao acompanhar as reprises dos jogos. Em particular, me emociono quando vejo o gol do Sócrates contra a Itália, fruto de uma jogada espetacular dele com o Zico. Se eu fosse um gol, gostaria de ser esse gol.
A Copa de 82 fascina a muitos que a acompanharam e a muitos (como eu) que a conheceram mais a fundo depois dela ocorrer. Por isso ela é uma Copa para sempre. Este livro tem a pretensão de trazer um pouco da memó ria desta Copa a quem a viveu e a quem ainda vai vivê-la.