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NFL – História e Globalização do Futebol Americano

R$80,00

A nova fronteira da NFL

Gustavo Garcia Pires

Em dezembro de 1848, o presidente dos Estados Unidos James K. Polk se dirigiu ao Congresso para informar a descoberta de ouro na distante Califórnia. No ano seguinte, teve início uma corrida em que milhares de pessoas se dirigiram ao oeste americano em busca de fortuna. A marcha para o oeste expandiu o território americano, o dinheiro da mineração impulsionou a região e o fluxo de imigrantes tornou a Califórnia o estado mais populoso do país. Aquela geração de pioneiros ficou conhecida como os 49ers, e que hoje batizam um dos mais tradicionais times de futebol americano e finalista do Super Bowl 58 em 2024, o San Francisco 49ers.

O futebol americano, aliás, está vivendo a sua corrida do ouro. O esporte já é o mais popular dos Estados Unidos, superando o basquete e o beisebol. Além disso, no ano passado, das 100 maiores audiências televisivas nos Estados Unidos, 97 foram de partidas da NFL. Além da hegemonia esportiva que desempenha nos Estados Unidos, o futebol americano agora se prepara para alcançar o mundo. Em 2028, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, será a estreia do flag football como esporte olímpico. A modalidade é uma versão mais acessível e com menos contato físico comparado às partidas da NFL. O nome do esporte se refere às bandeiras (flag, em inglês) ou fitas que ficam amarradas nas cinturas dos atletas e devem ser retiradas pelos adversários caso eles queiram parar as jogadas.

Se não bastasse, a NFL também é a liga esportiva mais lucrativa do planeta, faturando cerca de US$ 18 bilhões por ano, o triplo da Premier League, o campeonato inglês de futebol. Por isso, apesar do futebol americano ainda estar engatinhando fora dos Estados Unidos, a NFL já pode ser considerada um fenômeno esportivo global. Inclusive, com uma meta declarada de faturar US$ 25 bilhões por ano até 2027, a NFL sabe que o caminho é expandir sua marca para o mercado internacional.

Desde 2007, a NFL tem explorado mercados europeus, levando partidas oficiais para países do continente. Em 2023, foram realizados jogos em Londres, no estádio do Tottenham e em Wembley, além de Frankfurt, na Alemanha. Atualmente, todos os times da liga já atuaram no exterior pelo menos uma vez.

O processo de expansão global da liga pode ser comparável à marcha para o oeste, mas agora o novo passo é em direção ao sul, mais precisamente abaixo da linha do Equador. A NFL anunciou que, em 2024, vai realizar seu primeiro jogo oficial no hemisfério Sul, e a cidade escolhida para sediar esse megaevento, não por acaso, foi São Paulo. E é aí que nossos destinos se cruzam pela primeira vez na história. O meu e o da NFL.

Como fã e praticante do futebol americano, desde que assumi a SPTuris (São Paulo Turismo), sempre sonhei em trazer um jogo da temporada regular da NFL para a cidade. No fim de 2021, manifestamos nosso interesse aos representantes da liga no Brasil. No ano seguinte, iniciamos as conversas com a NFL para que São Paulo se candidatasse a receber uma partida oficial. Em 2023, tive a oportunidade de ir a Londres defender a candidatura de São Paulo. Na disputa estavam cidades como Rio de Janeiro, Barcelona e Madri. Nos meses seguintes, recebemos os representantes da NFL para apresentarmos três estádios da cidade que poderiam abrigar o evento: a arena do Palmeiras, o estádio do São Paulo e a arena Corinthians.

O suspense pela escolha da cidade-sede era enorme e a poucos dias do evento em Dallas, onde fariam o anúncio, recebi uma ligação confidencial da NFL informando que São Paulo havia sido a vencedora. Não contive a emoção.

Apesar de a disputa para sediar uma partida da NFL envolver cidades como Madri e Barcelona, que também contam com grandes infraestrutura e logística para a recepção de megaeventos esportivos, o que mais pesou na decisão dos organizadores pela escolha da cidade de São Paulo foi a estratégia por trás dela.

O Brasil é considerado pela NFL um dos principais mercados de captação de novos negócios e receitas. Dados de uma pesquisa realizada pelo Ibope Repucom mostram que há atualmente mais de 35 milhões de entusiastas do futebol americano no país. Há dez anos, eram pouco mais de três milhões.

Com esses números, o Brasil se destaca como o segundo maior mercado consumidor da NFL fora dos Estados Unidos, perdendo apenas para o México. São Paulo é a casa da NFL no Brasil, concentrando quase 30% dos fãs brasileiros da modalidade, além de sediar o NFL in Brasa, o maior evento de Super Bowl fora dos Estados Unidos.

Muito além da torcida, está crescendo no Brasil o interesse em jogar futebol americano. Ao que tudo indica, o Brasil, país do futebol com os pés, é como coração de mãe diante de uma bola: sempre cabe mais um dentro dessa paixão. Dia após dia, times nacionais estão surgindo e se profissionalizando, consolidando, cada vez mais, o futebol americano também no mercado esportivo brasileiro.

A popularidade da NFL no Brasil aumenta a cada ano, mas ainda está longe do seu ápice. O potencial de crescimento da modalidade no país é gigantesco e, certamente, a realização de um jogo oficial em São Paulo vai contribuir para impulsionar esse processo.

Se o objetivo da NFL é vir ao encontro do povo brasileiro, o palco deste histórico evento será nada mais nada menos do que o estádio do Corinthians, em Itaquera, com capacidade para 42 mil pessoas. O mandante do confronto inédito será o Philadelphia Eagles, campeão da 52ª edição do Super Bowl, em 2018. O rival escolhido para o embate foi o tradicional Green Bay Packers, a franquia de Wisconsin, que soma 13 títulos na liga, um recorde na história da National Football League, sendo nove deles anteriores à era Super Bowl e quatro conquistas após a criação do evento. A partida, marcada para o dia 6 de setembro de 2024, será a primeira da NFL, em mais de 50 anos, em uma sexta-feira, e será transmitida ao vivo para os Estados Unidos e para mais de 100 países.

A expectativa é que o evento movimente, na capital paulista, em torno de R$ 330 milhões (US$ 60 milhões), além de gerar cinco mil empregos diretos e indiretos. A estimativa da Prefeitura de São Paulo é de que ao menos 10.000 americanos venham para assistir ao jogo no Brasil.

A meta é que a cidade receba outro jogo da NFL em 2025 e, a partir de 2026, possa aumentar para duas partidas por ano. Não há dúvida de que será um dos maiores eventos da história no Brasil. O primeiro jogo da NFL é um marco na cultura brasileira. É definitivamente a cidade de São Paulo na rota dos principais eventos globais.

Descrição

Paulo Antunes

Quando entrei na ESPN Brasil em 2006, não sabia o que esperar. O futebol americano já era uma grande paixão minha, pois fui criado nos Estados Unidos. A chance de trabalhar comentando jogos da NFL era algo impensável e quase inalcançável quando considerava o que queria fazer da minha vida. Quando a oportunidade surgiu, eu sabia que ia realizar um sonho.

Mas e no Brasil? A galera gostava? Eu não tinha ideia se o público brasileiro ia abraçar o esporte ou se a nossa audiência ia ser boa. O meu foco era fazer o melhor trabalho possível e talvez contribuir para o crescimento da modalidade. A hipótese do país um dia sediar um jogo da NFL nunca passou pela minha cabeça. Naquela época, a NFL já tinha realizado jogos de pré-temporada em países como Japão, Suécia, Austrália e Alemanha, entre outros. O interesse pela bola oval era grande nesses países, e todos tinham a infraestrutura para receber os jogos. O Brasil não tinha isso. Não tinha estádios que preenchiam os pré-requisitos da NFL. E outra, nunca havia acontecido um jogo de temporada regular fora dos Estados Unidos. Isso só aconteceu um ano depois, em 2007. Não tinha como sonhar com um jogo oficial da NFL no Brasil.

Aos poucos, fui observando um comportamento muito interessante do nicho de fãs que nos acompanhava nas transmissões. O pessoal participava mandando e-mails e depois tuítes. Os interessados na prática do esporte iam jogar nas praias do Rio de Janeiro, enquanto outros, se mobilizavam em São Paulo, criando ligas de Flag Football, modalidade sem equipamentos e com pouco contato físico. O tempo foi passando e a participação nas redes sociais começou a tomar uma dimensão extraordinária. Jogadores se juntavam para comprar equipamentos e criar ligas. Parcerias com clubes de futebol começaram a ser feitas. A nossa audiência na ESPN só aumentava. Fomos de transmitir dois jogos por semana para incríveis dez partidas ao longo dos anos.

Fãs buscando uma alternativa ao futebol decidiram dar uma chance ao futebol americano e logo se apaixonaram. Jovens amantes da bola oval cresceram, viraram empresários e depois investiram no futebol americano. Fãs de esportes mais populares no Brasil, como o basquete, também deram uma chance ao futebol americano. Esse é o caso do autor deste livro, Gustavo Pires, atual presidente da SPTuris. Amante da NBA e do Boston Celtics, Gustavo começou a se apaixonar pelo futebol americano há uns dez anos. Ele levou essa paixão pelos esportes para o âmbito profissional. São Paulo é uma cidade de grandes eventos. É o centro cultural e financeiro do nosso país. Gustavo enxergou a oportunidade de trazer a liga esportiva mais rica do mundo para a cidade. Isso só aconteceu porque ele é um fanático por esporte, um grande fã da NFL.

Hoje, segundo a NFL, somos o terceiro país com mais fãs de futebol americano no mundo, ficando atrás dos Estados Unidos e do México. Após realizar o primeiro jogo de temporada regular em Londres, a NFL buscou novos mercados. México, Alemanha e agora o Brasil. Quem diria? Que conquista!

Para mim, a sensação é de missão cumprida. A nossa meta sempre foi ajudar o esporte a crescer no Brasil. Mas a sensação também é de gratidão a todos que ajudaram a trazer a NFL ao Brasil. Os fãs, os influenciadores em redes sociais, as ligas de futebol americano, o governo de São Paulo e meu amigo Gustavo Pires, que tomou a dianteira para realizar esse momento histórico.

Eu lembro que, em algum momento, entre cinco e sete atrás, rumores circulavam que o Brasil teria a chance de receber o Pro Bowl (jogo das estrelas da NFL) no Rio. Outros falavam de um jogo de pré-temporada.

Não imaginávamos que seria um jogo oficial, e que seria na primeira rodada da temporada em horário nobre! E mais, o confronto vai ser entre dois gigantes. O Green Bay Packers, equipe mais vencedora da história da NFL, e o Philadelphia Eagles, equipe de elite com uma torcida gigante nos Estados Unidos. Não tinha como ser melhor. Viva a NFL no Brasil!

 

FICHA TÉCNICA
LIVRO – NFL – HISTÓRIA E GLOBALIZAÇÃO DO FUTEBOL AMERICANO
AUTOR – GUSTAVO PIRES
EDITORA – LETRAS DO BRASIL
(www.letrasdobrasil.com.br)
PREÇO DE CAPA – R$ 100,00
CAPA – Dura
PÁGINAS – 124
FORMATO – 23 X 27
ISBN – 9786586583076

 

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